sábado, 7 de agosto de 2010

Lá estava ela novamente...

Lá estava ela novamente, sentada naquela mesma mesa, daquela mesma lanchonete, como em todas as outras tardes, à uma quadra de seu colégio, era esse o ponto de encontro de praticamente todos os alunos da escola. Mas ela não ia frequentemente a esse lugar, pois se encontrava com seus amigos, não. A única coisa que ela ia encontrar nessa lanchonete, era a solidão, a solidão de sempre. A solidão que convivia diariamente com ela, e que nunca a abandonara desde aquele dia. Um piscar de olhos, um instante, e tudo estava acabado. Sua vida estava acabada. Para ela, aqueles dois seres, eram os únicos motivos de sua felicidade, de sua existência, mas tudo se fora, em questão de segundos.

Depois do acontecido, toda vez que ela fechava os olhos, um flash de imagens lhe vinha à cabeça, a fazendo lembrar de cada detalhe daquela triste noite. Graças a tudo isso, foi morar com sua tia em outro estado, que não era lá melhor que seus pais, se é que podem ser chamados assim. Nunca, nunca em sua vida, nenhum dos dois se importara com ela, ela era somente mais um peso em suas vidas, um lixo. Mas não se deixava abalar por isso, pois tinha eles, seu irmão e seu melhor amigo. As únicas pessoas que se importavam com seu bem estar, com sua alegria. E sua vida, era resumida à eles dois, ninguém nunca a fez tão feliz quanto eles fizeram. Mas por pouco tempo, infelizmente. Eles a salvaram, deram suas vidas para salvá-la, pois não havia outra coisa com que se importavam, senão ela. Tudo aconteceu ali, bem na sua frente. Por um segundo fechou seus olhos, e pôde sentir a faca penetrando seu peito, e alcançando seu coração. Mas não foi real, não foi nela que a faca penetrou, não foi seu coração o perfurado, o que parara de bater. Primeiro, foi seu irmão, e depois, sem piedade alguma, seu melhor amigo, que dera sua vida para ela fugir, mas não o fez, ficou ali, chorando desesperadamente pela morte de seus dois anjos. E os outros seres que ali a cercavam, gargalhavam e a zombavam cruelmente. Ainda tinham em mente, mais uma morte para esta noite, mas fora salva por um carro de polícia que fazia a ronda noturna pela cidade. Mas para ela, de que importava continuar a viver? Sua vida se fora, quando eles se foram. Mesmo depois de se mudar, continuou em sua "patética vegetação", como ela mesma gostava de chamar.

Naquela lanchonete, vários sorrisos lhe eram direcionados, mas a única coisa que aqueles alunos realmente conheciam dela, era sua ignorância. Alguns mais simpáticos lhe soavam um 'oi' singelo e cuidadoso. Mas nada a fazia falar algo, nem mesmo a garçonete, que já acostumada com o silêncio vindo dela, sabia exatamente o seu pedido. "Um café expresso saindo", dizia a garçonete enquanto ela se sentava, sim, até o horário de sua chegada nunca mudava. 13:15, em ponto.

Enquanto tomava seu café, somente observava as pessoas, era seu hobby. Ela observava à todos, seus sorrisos, a felicidade estampada em cada rosto. E hoje em particular, um trio lhe chamou atenção: dois garotos e uma garota, muito felizes por sinal, brincavam, riam. Aquela imagem lhe trazia lembranças, trazia à ela, a nostalgia de um dia ter sido feliz desse jeito. E então pensava: "será que algum dia poderei voltar a ser feliz como era antes, antes do trágico assassinato? Será que algum dia, meus fones de ouvido e meu capuz, deixariam de ser meus escudos e melhores amigos? Será que um dia, eu realmente me recuperaria desse estado lastimável?"
De nada ela sabe. De nada eu sei. Só sei que lá continua ela, naquela mesma mesa, daquela mesma lanchonete, com aquele mesmo pensamento em mente.

"Será que algum dia poderei sorrir novamente para o mundo?"
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1º: Essa garota não sou eu.
2º: Isso é como um texto, que de repente me veio à cabeça, então decidi escrever. Adoro escrever coisas nesse estilo.
3º: Provavelmente, ainda verão textos como esses no meu blog.
4º: Beijos à todos! Obrigada.

5 comentários:

  1. ''Um piscar de olhos, um instante, e tudo estava acabado. Sua vida estava acabada. Para ela, aqueles dois seres, eram os únicos motivos de sua felicidade, de sua existência, mas tudo se fora, em questão de segundos.''

    Essa menina sou eu e partes. Dreams essa sou eu sentada na cafeteria aqui da esquina, com toda solidão que ele abandou dentro de mim, essa menina que perdeu os dois melhores amigos, mais por falsidade deles não por amor, o que se torna um traição, a que foi deicada pelo noivo por um erro dos outros, a que fica entupida dentro de um capuz com fones atolados nos ouvidos, dentro de dois dias tudo mudou repetinamente como no teu texto, e é como se tu soubesses disso!
    e eu me pergunto agora juntamente com tuas letras: "Será que algum dia poderei sorrir novamente para o mundo?"
    Bem, por enquanto eu acho que não.

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  2. Obrigado mesmo, por todas as tuas palavras me tocarem tanto.

    Te adoro menina.
    Beijos.

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  3. Caramba, adorei, e sinceramente, o seu texto me tocou de tal maneira que foi inevitável lágrimas se formarem nos meus olhos, ficou muito bom, nossa, sem palavras
    Continue escrevendo textos assim
    Aa, e obrigada pelo sonho, no meu próximo post colocarei-o lá
    Beijos

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  4. Esse lance de não ser eu essa menina tem nome sabia? xD
    Eu aprendi no colégio que isso se chama "Eu lirico". ^^
    Eu tbm trabalho muito com isso no meu blog.

    Link para a home:
    http://codignolle.blogspot.com/

    Mas de qualquer forma, muito bom o seu texto. Usei seu ultimo de verso para inspiração em meu post do dia dos pais. ^^

    http://codignolle.blogspot.com/2010/08/obrigado-pai.html

    Continue assim. ^^

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  5. amei o texto , conto, historia, whatever *-* umbj

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