Uma história, parte 2
Depois de cinco ou dez minutos cheguei até a cachoeira. Nesse verão a cachoeira estava baixa, não muito forte e com pouca água, mas continuava linda. Primeiro tirei meu short jeans azul claro e depois a blusa de alcinha, soltei o cabelo, deixei a rasteirinha em um canto junto com a roupa e mergulhei. Eu usava meu biquíni preferido, roxo com um lacinho na alça esquerda da parte de cima e detalhes abstratos, era lindo. Como de costume mergulhei até o fundo, procurando pedras de formatos e cores diferentes, quanto mais diferente melhor. Juntei algumas pedras e as coloquei na beira do rio, mergulhando novamente, dessa vez só sentindo a vibração da água que batia no fundo do rio, observando a maravilha que se formava desde o topo da cachoeira até o final. Enquanto mergulhava avistei uma pedra diferente, um tanto colorida, sendo que seu formato podia facilmente lembrar uma estrela com brilhos nas pontas, era linda. Nadei até a pedra, mas antes que eu pudesse pegá-la, uma mão – maior e mais rápida – pegou-a primeiro, fui até a superfície, inconformada por terem pegado minha pedra.
“Ei, essa pedra é minha!”, exclamei sem nem ao menos ver o rosto do sujeito. “Tem seu nome nela?”, retrucou uma voz firme e grossa. “Não, mas eu a vi primeiro, devolva”, ainda não o olhava, minha visão estava embaçada. “Mentira! Eu a vi primeiro, portanto me pertence. Ei, você está bem?”, eu respondi grossa: “não me venha com essa falsa preocupação, quero minha pedra de volta”, “não mesmo, é minha”, ele respondeu seguro. “Falo sério, você está bem? Deixe-me ajudá-la”, disse aproximando-se, “Acho que alguma coisa entrou no meu olho, vê algo?” perguntei, provavelmente com o olho já vermelho, “Já sei o que é, um resto de espinho de ouriço, vou tirar. Um, dois...”. “Espere, isso vai d-”, nem mesmo terminei a frase e ele gritou: “TRÊS! Pronto”, “Só isso?” perguntei, “Sim. Como posso chamá-la menina da pedra?”, “Julié (lê-se Juliê), e você menino da pedra?”, “Me chamam de Roman, prazer em conhecê-la”.